Por, Poliana Godinho.
Eu não leio, nem falo chinês. E imagino que você, leitor, também não. Mas, John F. Kennedy, que serviu à presidência dos EUA entre 1961 e 1963, certa vez disse que o caractere chinês para crise é weiji, que significa tanto perigo (wei) como oportunidade (ji). Orador brilhante, Kennedy adorava falar sobre essa “milenar sabedoria chinesa” em seus discursos.
Em tempos de COVID-19, este sentimento é bastante verdadeiro. A pandemia do coronavírus mudou quase todos os aspectos da vida, desde o pessoal (como as pessoas vivem e trabalham) até o profissional (como as empresas interagem com seus clientes; como eles, os clientes, escolhem e compram produtos e serviços; como as cadeias de suprimentos os entregam).
No começo da pandemia, a McKinsey & Company realizou uma pesquisa com mais de 200 organizações em todos os setores. Nela, mais de 90% dos executivos disseram esperar que as consequências do COVID-19 mudem fundamentalmente a maneira como fazem negócios nos próximos cinco anos. Com quase o mesmo número, eles calculam que a crise terá um impacto duradouro nas necessidades de seus clientes. No entanto, mais de 3/4 deles também concordaram que a crise trará novas e expressivas oportunidades de crescimento, embora isso varie significativamente por setor.
Claro que ver as oportunidades que emergem da crise nem sempre é o mesmo que saber aproveitá-las. Apenas 21% desses mesmos executivos sentiram-se confiantes de que estavam preparados para lidar com as mudanças que os esperavam.
E como estes executivos responderam?
Como era de se esperar, eles se concentraram principalmente em manter a continuidade do negócio principal, economizar dinheiro, reduzir custos para tentar aumentar a produtividade e minimizar riscos. Houve uma queda significativa nos recursos destinados à inovação em todos os setores pesquisados pela McKinsey, com exceção dos produtos médicos e farmacêuticos, onde vimos um aumento de quase 30% no foco imediato em inovação.
Certamente a crise da COVID-19 apresentou uma grande oportunidade que poucos pareciam estar preparados para lidar. Porém, acontecimentos históricos sugerem que empresas que olharam para um período de crise como uma oportunidade e agiram investindo em inovação, conseguiram alcançar crescimento e desempenho superiores após a crise se comparado à concorrência. As organizações que mantiveram seu foco na inovação durante a crise financeira de 2009, por exemplo, emergiram mais fortes, superando a média do mercado em mais de 30% e continuaram a apresentar crescimento acelerado nos três a cinco anos subsequentes.
A verdade é que muitas das dinâmicas decorrentes de crises são ingredientes fundamentais para a disrupção, a partir da qual surgem novos modelos de negócios. Os exemplos não param por aqui. A economia compartilhada, por exemplo, surgiu da crise financeira de 2009, quando a tecnologia permitiu a criação de marketplaces de ativos subutilizados, no momento em que as pessoas buscavam novas fontes de renda. Isso permitiu o sucesso de startups como AirBnB, 99, Uber, ifood, entre outras.
A epidemia de SARS que devastou a Ásia em 2002 e que levou seus cidadãos a se abrigarem em refúgios foi o impulso para o crescimento e a ampla adoção do comércio eletrônico naquela região, tornando a China o epicentro da inovação em torno do comércio social.
E onde é que está o problema quando muitos líderes empresariais não se sentem preparados para inovar em momentos de crise? A maior parte das pessoas, quando pensa em inovação, pensa nas grandes inovações que mudaram o mundo. Afinal, se você já alcançou a 3ª idade, certamente se impressionou com a evolução do telefone, do automóvel, avião, computador, internet, ou ainda acompanhou a transformação de sonhos de garagens em grandes empresas como Microsoft, Google, Apple, Facebook… De fato, algumas inovações mudaram o mundo. Mas estas inovações são raras. 99,99% das inovações são pequenas ou incrementais. São as mudanças sutis que você faz todos os dias e que transformam sua empresa em uma empresa melhor.
Ainda assim está difícil saber como começar? Bem, em tempos de crise, modelos de inovação que promovam trocas produtivas entre pessoas e organizações externas à sua empresa, podem ser uma ótima oportunidade para começar.
A Inovação Aberta, por exemplo, tem sido o principal instrumento usado pelas empresas para alavancar o processo inovador. Por meio dela, diferentes níveis de conhecimento e especialização podem ser alcançados a partir da conexão colaborativa, seja com empresas, universidades, parques tecnológicos, centros de pesquisa, entre outros. Ela agrega pessoas de qualquer parte do mundo, dos mais diversos setores da economia, para trabalhar em equipe em um projeto específico. E os resultados? Velocidade na execução, redução dos custos de desenvolvimento, mitigação dos riscos da inovação, aumento da vantagem competitiva e potencial aumento da rentabilidade.
Certamente você já ouviu falar que “Uma oportunidade mal administrada pode se tornar uma crise. Por outro lado, uma crise bem gerenciada tende a transformar-se numa excelente oportunidade de negócios”. Se você optou pela inovação e pela oportunidade, saiba que este é um caminho empolgante e sem volta. A incerteza será sempre uma constante nos negócios, mas uma gestão de riscos pautada pela inovação pode ajudar as empresas a se adaptarem e prosperarem.
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Sobre a autora
Poliana Godinho tem mais de 14 anos de experiência no desenvolvimento de produtos digitais, atuou 7 anos como Diretora de Produtos e Marketing do maior Startup Studio do Brasil, transformando ideias em startups de sucesso, tendo co-criado +9 empresas. Publicitária, com Mestrado em Inovação e Empreendedorismo Tecnológico, conquistou em 2016 destaque como uma das melhores teses de Inovação e Empreendedorismo no âmbito das universidades portuguesas. Mentora de programas de aceleração e professora de Pós-graduação em Empreendedorismo, Inovação e Marketing Digital, na PUC MG, Uni-BH, IGTI e Cotemig. Atualmente é Head de Inovação na Take Blip e Diretora Setorial na FUMSOFT sob a VP de Inovação Empreendedorismo e Transformação Digital.
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